De forma a podermos harmonizar as flores com os mais diversos ingredientes e podermos contextualiza-las nas propostas gastronómicas gostamos de as classificar em 5 grupos, sendo que muitas delas, pelas suas características se podem inserir em 2 ou mais grupos.
As Flores dos Legumes - Muitas flores de legumes são nossas conhecidas porque as vemos nos campos. Outras servem-nos de alimento sem nos ocorrer que se trata de flores comestíveis, como é o caso da couve bróculo ou da alcachofra.
Outros exemplos são as flores da família das Brassicaceae (mostardas, rúcula, couve-bróculo, couve-flor, rabanete, nabiças,…), as da família das Cucurbitaceae (abóbora, curgete, cornichon, pepino,...), da família das Fabaceae (feijões, feijocas, ervilhas, favas,...). Podemos ainda acrescentar as flores dos quiabos (Abelmoschus esculentus), das alcachofras (Cynara scolymus) e cardos
As Flores das Árvores e Arbustos de fruto - Há um enorme conjunto de flores de espécies fruteiras que nos podem servir de alimento também desde que não sejam tratadas quimicamente, nem no nosso espaço produtivo nem nos espaços vizinhos.
Damos como exemplo as flores das árvores da família das Rosaceae (morangueiro, amendoeira, pereira, macieira, pessegueiro, cerejeira,...); as flores da Feijoa (Acca selowiana),
As Flores das Aromáticas - Estas flores são normalmente as extremidades floridas da respetiva erva aromática a que nos referimos e, como tal, tratando-se a floração de um estádio riquíssimo energeticamente, concentram em si os aromas da planta. Estas flores podem assim considerar-se com enorme valor condimentar marcando organoleticamente as receitas em que participam
Damos como exemplo as flores das plantas aromáticas de três grandes famílias botânicas: a Família das Apiaceae (funcho, coentros, salsa, aipo, cerefólio, aneto, anis, alcaravia, levístico, angélica, doce-cecília,...), da família das Lamiaceae (orégãos, manjericão, mentas, tomilhos, salvas, alfazema, rosmaninho,...) e da família das Aliaceae (Cebolinho, cebola, alho francês, alho oriental,...).
As Flores de Jardim - Estas flores estão comumente associadas aos jardins ornamentais, mas cultivadas de forma orgânica, sem a utilização de pesticidas, ou outros químicos de síntese, podem ser utilizadas para cozinhar. De exuberantes a delicadas nas suas dimensões, cores, aromas ou texturas, inteiras ou utilizando as suas partes, é possível encontrar a flor certa para o prato certo.
Damos como exemplo as Rosas (R. canina, R. rugosa, R. damascena), Calendulas (Calendula officinalis), Capuchinhas (Tropaeolum majus), Violetas (Viola odorata), Girassol (Hellianthus annus), Amores perfeitos (Viola sp.), Brincos de Princesa (Fuchsia sp.), Abutilon ou ácer florido (Abutilon sp.), Hibisco ácido (Hibiscus sabdarifa), Bocas de lobo (Anthirrinus majus), Oxalis (Oxalis sp.), Jasmim (Jasminum officinale), Gerânio rosa (Pelargonium graveolens), Açafrão verdadeiro (Crocus sativus), Cártamo (Carthamus tinctorius), Cosmos (Cosmus bipinnatus), Cravos e Cravinas (Dianthus sp.), Cravos túnicos (Tagetes sp.).
As Flores Silvestres (da nossa flora autóctone) - De cultivo pouco exigente, as flores da nossa flora silvestre portuguesa permitem-nos trabalhar a contextualização e elegância do nosso receituário tradicional enquanto valorizamos os nossos recursos endógenos. É, por isso, um grupo de flores pelo qual somos apaixonados, considerando-as um enorme capital para a gastronomia portuguesa.
Damos como exemplo a Onagra (Oenothera biennis), Centaurea (Centaurea cyanus), Borragem (Borago officinalis), Amor perfeito silvestre (Viola tricolor), Violeta silvestre (Viola sp.), Primula silvestre (Primula vularis), Dente-de-leão (Taraxacum officinale), Maragridas silvestres (Bellis perenis), Flores de Trevo (Trifolium sp.), Flor de sabugueiro (Sambucus nigra), Açafrão silvestre (Crocus serotinus), Malvas (Malva sp.), Madressilva (Lonicera sp.), Tomilhos (Thymus mastichina, outros Thymus), Carqueja (Pterospartum tridentatum), Alcaparra (Capparis spinosa).